As Crônicas que estão sendo publicadas escrevi-as ao longo da minha vida e continuo a escrevê-las ininterruptamente. Espero que os anos que passaram, os valores que mudaram, as opções escolhidas durante meu caminho tenham me feito uma pessoa melhor sempre disposta a receber de braços abertos e com muito amor todos os seres humanos e que eu consiga transmitir com profundidade meus conceitos, ansiedades, alegrias e tristezas. A literatura desde pequena constituiu para mim o meu mundo e a forma de chegar até coração dos que me lêem e espero que continue a ser até o ultimo momento de minha vida.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Riqueza Verde e Marrom

 Nasci no asfalto. Minhas energias foram ressarcidas das pedras. E sempre amei aquele movimento de carro e de vida porque era o meu mundo. O mundo que conheci, com toda a sua agitação generosa e frenética. Incrivelmente perturbadora e ao mesmo tempo deslumbrante, em que não existem monotonia e tranqüilidade.

Mas um dia quando menos esperava desvendei o segredo da própria natureza e pus-me a pensar, crédula, que ali existia um mistério. Que se compunha do verde-azulado da plantação e o marrom da terra que gera tudo que podemos sonhar em vida e produção. Imaginei-me rica e com um tesouro inigualável que pegava com minhas mãos que só conhecera até então o superficial que a cidade grande recebia vinda do interior. E que dei-me silenciosa a divagar.

Sentei-me uma tarde num degrau da escada no quintal da minha casa e comecei a sonhar com a vastidão da natureza que na verdade, eu pouco conhecia. Cheguei mais perto num simples canteiro de plantas e senti no tato a terra que se esvaia entre meus dedos, deliciosa na sua aspereza, escura e forte. E olhei em volta de mim o pouco de verde plantado como é possível numa casa em um bairro do rio de Janeiro como Copacabana. Cimento por todos os lados contra um pouco do rasteiro verde. E mesmo assim meus olhos ficaram concentrados naquela cor que me trazia a imagem da natureza.

Andando em volta passei a ver que não era apenas o céu, as estrelas e a lua que eu amava em meus devaneios, mas faltavam elementos como o verde-azulado da plantação e o marrom da terra.

E jamais esqueci quando passei um dia pelo Jardim Botânico, bairro que eu amava desde criança, e resolvi entrar para me compensar da ausência desses elementos essenciais e pelos quais estava ávida. Muitas vezes desde aí precisei da natureza verde e marrom como uma fonte inesgotável de energia e fortaleza, procurando muitas vezes lugares que me reintegrassem ao seu ambiente e enchessem meus olhos de vida na paisagem verde marrom que eu aprendi cedo a amar.

Hoje essas cores fazem parte de minha alma e de meus cantos. Como se sem elas eu não pudesse sobrepujar as intempéries naturais e o vigor se transmitisse diretamente por simbiose. Admirando o planeta maravilhoso, os rios em seu ritmo  absorvente, os lagos mansos, todas as espécies de plantas e flores existentes, o mar gigantesco que  me faz orgulhar-me de tudo que foi criado e cujo poder me acalma e conforta, não posso deixar de sentir-me emocionada ao apreciar o verde-azulado da plantação que nos dá a riqueza de frutos e alimentação regida pela sábia natureza e o  marrom cheio de vigor que faz com que a seiva se multiplique e transborde.

Verde e marrom, as cores sábias e produtivas que espargem por nossos campos fecundos e dão-nos a certeza se bem  cuidados e distribuídos que ninguém precisará passar fome ou sofrer com a falta de dignidade da miséria.
Vânia Moreira Diniz   

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